"Escritores, meditem muito e corrijam pouco.
Fazei as vossas rasuras no vosso próprio cérebro"

Victor Hugo

terça-feira, 8 de maio de 2012

Página do Diário Bardo: "Mitológica"


O texto "Mitológica" foi lido durante o 7º encontro da Confraria dos Bardos e é de autoria de Jackson Libardi.

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Mitológica


Quem é você?

O que se esconde por detrás dessa montanha de safiras?

Que labirinto, que enigma, que incógnita indecifrável…

Um cume amaldiçoado de onde um homem possa se precipitar?

Ou o inferno de Dante, com Caronte esperando que as moedas de mais um poeta toque os fundos do seu barco?

Quem sabe a Atlântida; talvez o paraíso perdido com querubins nos quatros cantos para recepcionar ao valente.

Um reino!

Sim, que haja um reino. Um reino em que cujo monarca seja, o Cúpido.



Jackson Libardi


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segunda-feira, 7 de maio de 2012

Página do Diário Bardo: "Sonho Industrial"


O texto "Sonho Industrial" foi lido durante o 7º encontro da Confraria dos Bardos e é de autoria de Yan Siqueira. 

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Sonho Industrial

Nasceu. Pelo o que lhe disseram desde pequeno brotava sonhos em sua mente: aos seis dizia querer ser super-herói, aos sete queria ser piloto de avião, aos nove iria ser presidente do Brasil e aos quinze tudo que queria era um prato de comida por dia. Completou dezesseis no mesmo ano do início da era das fábricas. Foi mandado para uma por aquele que lhe criou, aquele que, na verdade, não era seu pai, mas sempre arranjou um pouco de comida que disfarçava a fome:

- Miseráveis, - dizia seu chefe – essa é a oportunidade de melhorarem de vida. Se trabalharem quietos, se cooperarem comigo, um dia Deus também os presenteará com a fortuna do paraíso terrestre... Também terão algum dos meios de produção, desde que não destruam as minhas máquinas! Tudo ficará bem... Tudo...

Abiezer iludido, mas acreditando naquelas palavras, fez tudo o que tinha que fazer. Limpou. Carregou. Não dormiu. Trabalhou. Seus amigos estavam cansados, mas ele não:

- Um dia tornarei meus sonhos reais! Se tenho sonhos é porque eles podem ser concretizados... Vamos trabalhar!

E trabalhava... Trabalhava...

E seu dinheiro para pouco dava, pagava a dívida de vida ao seu pai adotivo, não tinha casa própria, morava de favor, era triste, mas Abiezer sonhava:

- Um dia... Um dia...

Via-se nos sonhos sendo seu próprio dono, era feliz, era dono dos meios de produção, tinha dinheiro nas mãos e poder em suas palavras. Então, a realidade o acorda com um soco no estômago. Abiezer envelhecia, eram acrescentados mais vinte quatro horas ao cotidiano. Sonhos ou realidade? Há mesmo uma linha que os separe? Não. Enquanto trabalhava seu subconsciente era mórbido enquanto sua consciência movia-se no automático. Não precisava pensar, seus músculos, por repetirem os mesmos movimentos, guiavam-se com os mesmos gestos de um robô... Foi quando aconteceu.

A realidade invade os sonhos. Abiezer dormia e as máquinas vieram ao seu encontro. Ele não tinha mais poder sobre elas. As máquinas o pegaram no colo levando-o a realidade inserida no poço onírico da mente humana. Dentro dos sonhos ele viu a verdade: jamais seria dono, sempre seria escravo.  


Yan Siqueira


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Página do Diário Bardo: "Minha Pequena Princesa"


O texto "Minha Pequena Princesa" foi lido durante o 7º encontro da Confraria dos Bardos e é de autoria de Rodolfo Braz. 

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Minha Pequena Princesa


Tanto a dissertar. Amor, política, vida.

E ainda sinto tua falta, meu tudo.

Respostas vazias de encontros nulos.

Cumprimentos quiméricos fazem o dia.

Amigos? Cade eles?! Cade as juras, as promessas?!

Meu coração verte minha vida em supostos amores.

                                                                  Mares!.

Solidão, esta é resposta certa.

Não importa se é a felicidade que eu procuro. Ela

apenas existe em um sonho ilusório de uma realidade

 obscura.

Escuro. Frio. Profundo.

Assim eu caio, sem minhas asas, sem tu para me segurares.

Dependente de ti, confesso. Mas que sejas, de ti

que venha a faca para rasgar minha carne e perfurar meu coração.

Pois assim essa morte poder-me-ia ser amada.

Amada por ser sua força a me destroçar, a me fazer em pedaços.

Mas me fazendo em pedaços talvez você me inteire, já que sem ti

sou um vitral quebrado.


Mas como eu ser abissal poderia lograr tal felicidade feérica

 a teu lado? De que sou digno se nem a vida eu mereço?

Mas ainda sonho, não ligo para os cortes, para o sangue

que já tinge o chão de escarlate.

 Se para te ter eu tiver que secar o que sou, virarei pó por ti.

Mas que sejam de tuas palavras o não que matara meu ser.


Rodolfo Braz


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Página do Diário Bardo: "Geração XXI"

O texto "Geração XXI" foi lido durante o 7º encontro da Confraria dos Bardos e é de autoria de Rafaela Dalmazo de Castro.


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Geração XXI

Houve mudanças de gerações. No inicio dos tempos, na época dos nossos avós, era mulher em casa e homem no trabalho, direito era um curso da faculdade e olhe lá.


Na época dos nossos pais, entrou-se a geração da "rebeldia" da luta pelo que acreditavam e da ditadura. No inicio da minha época veio a geração coca cola. Agora, em pelo século XXI me sinto na geração da depressão. Não me lembro de ter ouvido antes tanta gente dizendo que está em depressão, ou até mesmo eu ficar depressiva assim. O que se passa na cabeça das pessoas é extremamente medonho, o pensamento de que o amanhã será uma bosta supera os problemas de todas as gerações. Ao menos naquela época eles tinham o porquê lutar, era aqui, era uma luta interna contra os agentes externos. Hoje parece que a luta é interna, com algo externo que entrou.


Se existe um caminho pra felicidade eu não faço a menor ideia. Se as pessoas agora se prendem a remédios antidepressivos, etc.. Acontece. Mas tudo isso não passa de uma resposta placebo, de uma mentira pra que continuemos a tocar a vida. Só que... caramba, "tocar a vida" soa como se você estivesse sendo obrigado a estar aqui, como se fosse uma maldição.

Minha cabeça como sempre em conflito com o real e o irreal, ou seria apenas imaginação doentia, chame como bem entender. Aquele receiozinho de que nada do que eu desejo se realize me deixa mais pra baixo que cabeça de avestruz na areia movediça.

Preciso de metas na minha vida, objetivos faz com que acordemos todo o dia dispostos a batalhar. Hoje mesmo aconteceu isso, eu fui disposta a vencer na loja que eu trabalho e não é que eu consegui! Vendi mais do que todas lá, isso me deixou muito bem comigo mesma.
Vencer nos rejuvenesce, nos ilumina, nos dá mais garra para lutar.

Essa geração de remédios pra se sentir bem pode até ajudar, mas, como todo bom placebo, um dia notamos que ele não faz efeito e temos que encarar a dura realidade. O fato que a vida é única e por mais fodida que esteja, ela é nossa e precisamos protege-la!


Rafaela Dalmazo de Castro


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